26/10/2010

UM PROBLEMA HISTÓRICO


Um problema histórico
1947 - O marechal Eurico Gaspar Dutra, então presidente do Brasil, cria o primeiro projeto de alfabetização de massa: Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). O analfabeto era visto como improdutivo economicamente, sendo uma “vergonha” para o desenvolvimento da nação. Sem muito sucesso, a campanha ganha uma segunda fase. 
1948 - A CEAA se desdobra na Campanha Nacional de Educação Rural (CNER), meio em que a primeira não havia conseguido chegar. Inspirada em experiência mexicana, a proposta era formar “missões rurais”, com uma enfermeira, um veterinário e um professor mudando a realidade de uma comunidade. Com material didático pobre e falta de estrutura, a CNER não cumpriu a expectativa. 
1956 - As duas campanhas ainda estavam em vigor quando Juscelino Kubitschek assumiu a Presidência. Com a baixa eficácia das anteriores, o governo cria a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA), que passou a ver o analfabetismo como resultado da ineficiência da escola primária regular. A ideia era começar com um projeto piloto em um município e expandi-lo mais tarde. Mas a experiência se limitou à Leopoldina, no Sul de Minas. 
1960 - O Censo revelava que
39,6% dos brasileiros maiores de 15 anos eram analfabetos. 
1963 - Os três programas (CEAA, CNER e CNEA) são extintos. 
1964 - No governo de João Goulart, o educador Paulo Freire, famoso por experiências positivas de alfabetização no Nordeste, cria o Plano Nacional de Alfabetização. A inovação metodológica de Freire consistia em usar, no lugar de cartilhas, palavras significativas, extraídas do universo vocabular dos alunos, ou seja, aproveitar a bagagem dos iletrados. Mas a experiência foi curta: no mesmo ano, Goulart foi deposto pelo regime militar. 
1967 - É criada a Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), que, em 1970, iniciou mais uma campanha de massa. Em seus 15 anos de existência, o Mobral consumiu recursos financeiros consideráveis. O material didático era produzido por empresas privadas e o objetivo era acabar com o analfabetismo em 10 anos. Não buscava o conhecimento amplo, mas apenas a decodificação alfabética. Acabou em 1985, sob investigação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). 
1985 - José Sarney, então presidente, cria a Fundação Educar, com atuação discreta, apenas supervisionando ações de secretarias estaduais. 

1988 - A Constituição garante odireito à educação àqueles que a ela não tiveram acesso na idade própria. 
1990 - Fernando Collor, então presidente, cria o Plano Nacional de Alfabetização e Cidadania, que se limitou a distribuir recursos para projetos destinados à alfabetização. Em 1992, Itamar Franco assume a Presidência, mas não apresenta novidades na área. 
1996 - A mulher do presidente Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso, lança o Programa de Alfabetização Solidária (PAS), que se destinava a alfabetizar jovens e adultos de comunidades pobres. A novidade era a parceria com a sociedade civil. No entanto, a fraca formação de alfabetizadores, a uniformidade do material didático e a meta de alfabetizar rapidamente são criticadas por especialistas. Com o fim do governo FHC, o PAS deixa de ser oficial, mas existe até hoje. 
2003 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança o Brasil Alfabetizado, com o objetivo de erradicar o analfabetismo. Os frutos da proposta ainda não apareceram: o índice de iletrados, na faixa de 15 anos ou mais, caiu menos de dois pontos percentuais: de 11,6%, em 2003, para 9,7%, em 2009, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.


FONTE:Clipping 25.10.2010

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